Museu de Arqueologia de Alta Montanha em Salta Argentina

A cidade de Salta, que fica a pouco mais de 1.500 km de Buenos Aires, é uma parada quase obrigatória em nosso país vizinho, a Argentina. Certamente o seu principal atrativo é o famoso Museu de Arqueologia de Alta Montanha (MAAM) em que é promovida a exibição rotativa das três múmias chamadas de “Crianças de Llullaillaco”.

Essas múmias incas com excelente estado de conservação foram encontradas em 1999 no topo do vulcão Llullaillaco e são exibidas uma de cada vez visando manter a sua conservação intacta. A seguir você poderá saber mais sobre o museu e porque vale a pena visita-lo.

Museu de Arqueologia da Alta Montanha e as Crianças de Llullaillaco

O prédio com três níveis está localizado no centro histórico de Salta, em frente à praça 9 de Julho. Embora seja um lugar pequeno tem excelente organização e oferece opções de informações em espanhol e inglês. O objetivo central desse museu é promover a conservação, o debate e a investigação sobre as múmias encontradas no vulcão Llullaillaco.

As três crianças foram encontradas nesse local a 6.700 metros acima do nível do mar junto a objetos de manufatura e outros elementos que permitem compreender aspectos significativos do estilo de vida e religião Inca. A grande variedade de materiais com que as múmias foram confeccionadas bem como o seu ótimo estado de conservação criaram um grande desafio para os gestores do museu, manter a sua preservação e correta apresentação.

Quem Eram as Crianças de Llullaillaco?

As três crianças mumificadas encontradas nos Andes foram nomeadas como a Donzela (la Doncella, menina de cerca de 15 anos de idade), Menino (el Niño, garoto com cerca de 7 anos de idade) e Menina do Raio (la Niña del Rayo, menina com apenas 6 anos de idade). Os três foram encontrados no cume do vulcão com 6.736 metros junto a objetos na plataforma cerimonial, a localização fica entre Argentina e Chile.

O destino desses jovens foi serem oferecidos em sacrifício tendo contado com a companhia de membros da elite imperial usando adereços coloridos e de grande porte na cabeça. Nessas cerimônias também era comum as caravanas de lhamas que cumpriam a função de controle mágico dos elementos como abundância de ganhos e saúde. As cerimônias religiosas realizadas nos Andes tinham relação com a fertilidade e natureza.

As crianças eram vistas como a melhor oferenda e eram preparados com uma bebida chamada chicha (preparado alcóolico de milho) que os tornavam mais suscetíveis a perecer. Os Incas acreditavam que os sacrificados não eram imolados apenas que se reuniam com os ancestrais para que pudessem observar do topo das montanhas.

A Donzela

Um minucioso exame da Donzela concluiu que se tratava de uma adolescente virgem, certamente ela pertencia a Casa das Escolhidas recebendo a alcunha de a Virgem do Sol.

O Menino

O menino fazia parte da elite Inca, suas roupas, sapatos e acessório de cabeça com uma pena estão intactos mesmo após mais de 500 anos do seu falecimento. Há cordas enroscadas em seu corpo e cabeça.

Menina do Raio

O nome da menina foi atribuído pelo fato de um raio ter queimado seu corpo logo após ter sido enterrada. O formato de seu crânio sugere que foi uma criança de beleza singular.

Exibição das Múmias

As três crianças foram encontradas em excelente estado de conservação, os estudos empreendidos pela paleopatologia (análise minuciosa dos corpos congelados por médicos, radiologistas e dentistas) detectou os três sofreram de desidratação, mas foram alimentados até o fim mantendo uma boa nutrição. Quanto faleceram estavam dormindo.

Para que os corpos possam ser mantidos em condições semelhantes as do cume da montanha foram desenvolvidas cápsulas que mudam a atmosfera reduzindo a quantidade de oxigênio circulante e mantendo a temperatura estável em -20°C. A iluminação é filtrada em UV e IR garantindo a criopreservação.

Uma História Anterior

Um vídeo no museu explica como foram feitos os achados das múmias sendo que a sua descoberta foi efetivamente feita em 1983 pelo antropólogo norte-americano Johan Reinhard. Já haviam sido descobertos artefatos arqueológicos no local em 1952 durante a expedição do Chile Mountaneering Club (Clube de Montanhismo do Chile).

Contextualização

Esse museu oferece contextualização para que os visitantes possam compreender um pouco mais da cultura Inca que remonta a uma época pré-colombiana. Vídeos e fotos cumprem esse papel deixando evidente que mais de duzentas montanhas possuíam adoratórios ou santuários para a realização de rituais religiosos.

Caminho Principal Andino (Qhapaq Ñan)

Qhapaq Ñan

Qhapaq Ñan

Desde 2014 Caminho Principal Andino (Qhapaq Ñan) é Patrimônio Mundial da UNESCO. A cidade de Salta estabeleceu por meio do Ministério da Cultura e Turismo o Programa Qhapaq Ñan (língua indígena quechua) para manter o legado dos 40 mil km que se estendem do sul da Colômbia até a fronteira entre Argentina e Chile e Mondoza. Essa região era de domínio inca, engloba uma série de ecossistemas e populações que antes compunham o domínio dos incas. O mais interessante é que ainda existem comunidades Qhapaq Ñan.

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Atrações Turísticas

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