Qual é a Cidade Mais Moderna do Brasil?

A cidade de São Paulo é a metrópole mais moderna da América Latina e produz sozinha cerca de 10% de toda a riqueza do Brasil. Porém, nem sempre a grande cidade do Sudeste ocupou uma posição de destaque, aliás, isso é relativamente recente, a sua ascensão se deu na década de 1960. Se viajássemos no tempo e informássemos um paulista a esse respeito antes da metade do século 19 com certeza ele não acreditaria.

Hoje essa é a cidade com maior população do país, porém, no censo de 1872 contava com somente 31.385 moradores e estava sob constantes ameaças de esvaziamento. A cidade do Rio de Janeiro, que era capital do Brasil, tinha o maior número de habitantes, cerca de 274.972 seguida de Salvador com 129.109 e em terceiro lugar estava Recife com 116.671 habitantes. Mas, como foi que essa história mudou completamente?

São Paulo no Século 19

No século 19 a cidade de São Paulo ainda mantinha uma cultura majoritariamente agrícola e não parecia ter estímulos para crescer. Uma das questões mais prementes da capital paulista era encontrar uma forma de reduzir as dificuldades e custos do transporte dos produtos agrícolas até a cidade de Santos.

No século 19 houve uma grande transformação na economia nacional devido a transferência da Corte Portuguesa para a cidade do Rio de Janeiro em 1808. Com isso caiu por terra às restrições relativas a importações, comércio e agricultura permitindo o início da concorrência com produtos internacionais. O problema se tornou ainda mais grave quando as lavouras brasileiras entraram em decadência, em especial no Nordeste.

Ascensão do Café

Esse foi o contexto em que o café se tornou o principal produto da balança comercial brasileira dando um poder até então nem imaginado para a cidade de São Paulo. O pioneiro na plantação de café em São Paulo foi o militar José Arouche de Toledo Rendon que iniciou o cultivo em seu sítio chamado “Casa Verde” que inclusive nomeia o bairro formado no seu entorno.

Na primeira fase de expansão do café no Brasil, a cidade de São Paulo, não usufruiu de benefícios verdadeiros, pois o crescimento ficou limitado ao Vale do Paraíba. A partir da década de 1860 houve decadência da produção do Vale do Paraíba devido ao intenso desmatamento selvagem e plantio sem nenhum critério.

No período entre os anos de 1861 e 1870 o café atingiu a marca de 29,103 milhões de sacas de café, número que subiu para 51,631 milhões de sacas na década seguinte. Grande parte dessa produção era paulista. O Brasil passou a ser um dos maiores produtores de café no mundo e em torno de 70% dessa produção era paulista.

Capital do Capital Cafeeiro

Apesar de boa parte da produção de café do estado de São Paulo estar em cidades como Campinas e Ribeirão Preto foi em São Paulo que o dinheiro realmente frutificou atraindo empresários e trabalhadores de todo o país. A tecnologia foi uma grande aliada do crescimento de São Paulo. As estradas de ferro que foram construídas no século 19 contribuíram muito para o protagonismo da cidade.

No ano de 1852 houve o decreto de uma lei que oferecia benefícios para quem investisse em estradas. Finalmente encontrou uma solução prática e com custo menor para transportar a produção de café do interior até Santos. Antes o café era transportado no lombo de burros levando entre 3 e 4 semanas para chegar ao porto, com as ferrovias levava poucos dias. São Paulo finalmente estava integrada com outras capitais como o Rio de Janeiro.

Imigração: Parte Importante do Crescimento e Modernização de São Paulo

Em paralelo ao crescimento da produção cafeeira e construção das estradas de ferro se desenrolava outro importante acontecimento histórico, a pressão pela abolição da escravatura que seria concedida completamente no ano de 1888 através da Lei Áurea. Os barões do café tentaram evitar a abolição, mas chegou um momento em que precisaram aceitar que teriam que contratar mão de obra para trabalhar nas lavouras.

A ideia de trazer imigrantes europeus para trabalhar nas lavouras foi do fazendeiro e senador paulista Nicolau de Campos Vergueiro. Esse modelo de trabalho foi copiado por outros fazendeiros que obtiveram subsídios do governo. Muitos dos imigrantes, no entanto, tinham profissões urbanas na Europa e não conseguiram se adaptar a jornadas de trabalho exaustivas como as dos escravos e se mudaram para São Paulo em busca de melhores oportunidades.

Lei Áurea

Lei Áurea

Cerca de 65% dos imigrantes que chegaram ao estado de São Paulo entre os anos de 1885 e 1914 se mudaram para a capital que passou a ser formada basicamente por estrangeiros como portugueses, italianos, japoneses e espanhóis. A qualidade dos serviços prestados por esses imigrantes na capital ajudou a alavancar seu crescimento. Houve um encontro de pessoas bem qualificadas com o capital das famílias mais ricas do Brasil.

Industrialização: Essencial Para a Modernização

A industrialização brasileira teve início no século 19 nos estados do Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco, onde se encontrava maior parte da matéria-prima. Contudo, a cidade de São Paulo passou a frente nesse quesito sendo que sua primeira fábrica de tecidos foi fundada e 1872 e em 1895 já havia em torno de 52 fábricas. Essas fábricas eram em maior parte dedicadas as indústrias têxteis, cerveja, fósforos e chapéus.

Industrialização

Industrialização

O sistema de transporte eficiente e barato das estradas de ferro ajudou a tornar São Paulo uma escolha de muitos empresários. A população paulista também apresentava grande crescimento configurando um mercado bastante amplo. O grande número de operários na capital contribuiu para alavancar a indústria têxtil local afinal eram eles que consumiam os produtos enquanto a elite ainda usava roupas importadas.

Imigrantes Industriais

São Paulo ainda contou em sua história com uma série de imigrantes com grande talento industrial como o italiano Francesco Matarazzo que chegou ao país no ano de 1881 dando origem a um império. Para se ter uma ideia no ano de 1933 cerca de 45% das fábricas da cidade era de estrangeiros.

Fatores como a superprodução de grãos e a crise econômica de 1929 fez com que os fazendeiros dirigissem os seus investimentos do café para a indústria. Como a população crescia exponencialmente houve grande impulso no setor de construção civil para atender as necessidades de moradia dessas pessoas. A industrialização ainda se apoiou no grande potencial energético que duplicou no período entre os anos de 1930 e 1945.

Indústrias chamadas dinâmicas como as de mecânica, metalurgia, química entre outras passaram a ter participação dobrada no estado. Aos poucos isso fomentou também o aumento da atividade terciária, o comércio cresceu significativamente. A atividade financeira também foi expandida e universidades e centros de pesquisa foram criados. Tudo isso fez com que São Paulo se tornasse a maior cidade do Brasil no censo de 1960.

Diversificação

A capital paulista soube aproveitar o grande sucesso do café para impulsionar a sua diversificação econômica obtendo assim crescimento de outras atividades. Se tivesse se mantida focada apenas no café provavelmente não teria a relevância que possui hoje em dia. A velocidade de crescimento da metrópole tem sido reduzida nos últimos anos e sua economia está baseada no setor de serviços.

Hoje em dia o transporte de pessoas é o que precisa ter menor custo tornando São Paulo ainda um lugar interessante para o investimento e fortalecimento de boas ideias. São Paulo é a cidade mais moderna e mais rica do Brasil sendo um excelente destino de turismo e uma boa alternativa para se morar.

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Categoria(s) do artigo:
Sudeste

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