Conhecido popularmente como Museu do Olho, o Museu Oscar Niemeyer, já foi eleito um dos 20 edifícios de museus mais bonitos do mundo. Curiosamente o famoso olho que chama tanta atenção foi incluso na obra somente em 2002, cerca de 40 anos depois que o grande pavilhão de exposições que completa o museu havia sido construído.
Originalmente o edifício consistia apenas na parte suspensa sobre pilotis com vãos de 30 e 60 metros estando com suas fachadas cegas, algo que era possível devido a adoção de iluminação zenital. Como esse prédio era de propriedade do Governo do Paraná surgiu a ideia de convertê-lo num museu. Para que isso fosse possível o arquiteto Oscar Niemeyer, autor do projeto original, foi consultado e desenhou o famoso olho.
Museu do Olho: O Projeto
O Museu Oscar Niemeyer foi inaugurado em 22 de novembro de 2002 após um período bastante curto de trabalho para a adequação do pavilhão em museu. O tempo de construção do anexo do olho foi de apenas seis meses, estima-se que o ideal seria um período entre onze e quinze meses. A arquitetura curva do olho configura-se num desafio para a engenharia e nos demonstra toda a beleza que pode existir no uso de concreto armado.
O próprio Oscar Niemeyer se surpreendeu pela facilidade para conseguir atualizar o projeto construído décadas antes para se tornar um museu com um aspecto tão moderno e inclusivo. A base da obra está no salão de 70 metros de comprimento por 30 de largura que parece estar flutuando no ar. O arquiteto pensou no projeto de adaptação de maneira que pudesse aproveitar grande parte do que já existia.
Adaptações: Aproveitando o Projeto Já Existente
Nesse processo de conversão do grande pavilhão num museu o arquiteto sugeriu que a parte térrea fosse mantida com apenas pequenas mudanças estruturais. O auditório que já existia passou apenas por algumas melhorias para que pudesse ser usado em congressos. Ao seu lado havia um quadrado envidraçado que foi adaptado para atender as demandas de recepção que são exigidas de um espaço de museu.
Uma das principais questões que surgiram para Niemeyer foi a dos muros de concreto que estavam presentes em boa parte do primeiro andar com a função de divisão dos espaços. Contudo, com uma estratégia assertiva foi possível adicionar a clareza necessária para o projeto do museu.
Oscar Niemeyer
Foram deixados espaços vazios entre as vigas da cobertura nas faixas externas para que se tivesse ventilação e uma boa iluminação nas salas de trabalho. As faixas centrais tiveram seus espaços destinados para funções como almoxarifado, biblioteca, depósito, arquivo entre outras que não enfrentariam problemas no que concerne a funcionalidade pela iluminação ou espaço.
Salões de Exposições
Mais uma questão que apresentava alguma dificuldade para Niemeyer na adaptação do antigo pavilhão para um museu. Para ele ficou claro desde o início os salões de exposições assim como os serviços anexos deveriam ficar no terraço devido aos problemas de pé direito além de manter um jogo de áreas fechadas e abertas que faz parte da obra do arquiteto.
Acesso ao Museu
Para o acesso do museu foram projetados dois elevadores e uma rampa com nada menos do que seis metros de largura. Seguindo pela rampa os visitantes chegam então um jardim grande em que espelhos d’água e esculturas.
Grande Salão de Exposições
Com dimensões de 40 m x 60 m e altura de 10 m, o grande salão de exposições, pode ser usado para vários tipos de exposições. Niemeyer ressaltava que mesmo no exterior não havia salão com essas dimensões.
Bloco de Apoio
Com 40 m x 20 m, o bloco de apoio, conta com espaço para um café, um auditório de pequeno porte, uma livraria e outros três espaços que podem funcionar como lojas. A ideia inicial do arquiteto era que nesse espaço poderiam ser instituídas salas para exposições menores e que se mantivessem em caráter rotativo. Porém, observando seu tamanho ele concluiu que seria melhor manter como um bloco de apoio para servir de complemento para o conjunto.
O Projeto Estrutural do Olho
A ideia do edifício em formato de olho foi a sugestão dada por Niemeyer para que o museu tivesse o destaque desejado. Esse novo prédio consiste num pavimento elevado com 30 m x 70 m cujo apoio se dá num núcleo centralizado com cerca de 20 m x 10 m. A cobertura é feita por uma casca com formato curvo que tem cerca de 70 m de vão.
Para que se tenha a forma de um olho o projeto é complementado por uma casca inferior que fica apoiada nas vigas que tem duplo balanço na estrutura do pavimento. Há um espelho d’água cercando o núcleo central. O acesso é feito por braços curvos que apresentam bifurcação sendo que uma das rampas leva para o prédio maior do museu cruzando o espelho d’água. Os dois prédios do museu são interligados por um túnel sob o espelho d’água.
O prédio é sustentado dois pilares vazados que tem 9,20 m x 1,20 m que estão ligados por duas paredes cujo formato é ligeiramente curvo para que se tenha o fechamento dessa parte central. O apoio dos pilares é feito por dois blocos de coroamento de estacas que tem 3,70 m x 4,80 m x 2,50 m.
Pavimento de Exposições
Pavimento de Exposições no Museu do Olho
A sustentação do pavimento de exposições é feita por duas vigas de grande porte que tem 66,0 m de extensão, com 1 m de largura e com altura que varia entre 2,0 m na parte das extremidades e 5,50 no eixo dos prédios. As vigas possuem 20 cabos e, além disso, o pavimento possui vigas de 20 x 100 cm que tem espaçamento entre si de 2,50 m. Abaixo desse pavimento há uma estrutura que tem vigas invertidas posicionadas a cada 2,40 m.
Foram criados pavimentos elevados com elementos que foram pré-moldados de concreto. A casca de cobertura possui espessura de 10 cm e tem estruturação de 13 nervuras com 20 cm x 70 cm em arco. Já as rampas curvas possuem variação de até 27,0 m.
